A Guiné-Bissau continua a enfrentar conjunturas internas e internacionais muito desafiadoras. Continuam a fazer-se sentir choques nos termos de troca, ao mesmo tempo que o aumento da restritividade das condições financeiras na região tem provocado uma subida acentuada dos custos dos empréstimos. Desde a crise política, em dezembro de 2023, a tensão social subjacente tem-se mantido elevada. As próximas eleições legislativas terão lugar a 24 de novembro de 2024. Apesar destes desafios, as autoridades têm mantido a estabilidade política e económica. A campanha de exportação de castanha-de-caju tem avançado ordeiramente. Prevê-se que o crescimento recupere, mas os riscos para as perspetivas continuam a exibir uma tendência negativa.
Cabo Verde continua a recuperar bem dos choques recentes. As autoridades mantiveram a estabilidade macroeconómica e continuam empenhadas com os objetivos da ECF e da RSF. O desempenho macroeconómico foi forte em 2023, com um crescimento do PIB real de 5,1%, inflação baixa e um nível prudente de reservas para proteger a paridade cambial. O rácio dívida pública/PIB mantém a sua trajetória descendente, o que é um sinal indicativo do crescimento e do excedente primário recorde de 2023. O país está politicamente estável.
Angola enfrentou importantes desafios em 2023, incluindo a produção e preços de petróleo mais fracos, mas o país manteve-se resiliente. No entanto, os ganhos decorrentes da consolidação orçamental foram inferiores aos previstos e a inflação aumentou. Segundo a avaliação, a capacidade de reembolso de Angola ao FMI é adequada, embora sujeita a riscos. Na eventualidade de ocorrer um cenário adverso, que inclua um choque prolongado dos preços do petróleo, os indicadores de reembolso deteriorar-se-iam, mas continuariam a ser, ainda assim, adequados.
A economia continua a crescer a um ritmo constante. As pressões inflacionistas diminuíram acentuadamente, refletindo a descida dos preços dos produtos alimentares e dos combustíveis. Está em curso uma correção orçamental, na sequência das derrapagens orçamentais resultantes dos desafios de implementação relacionados com a tabela salarial única adotada em 2022. A situação de segurança no norte do país melhorou e eleições gerais estão previstas para outubro de 2024. Moçambique enfrenta condições de financiamento interno restritivas, associadas a uma contração do financiamento externo.
Cabo Verde resistiu bem aos choques recentes e as autoridades têm conseguido manter a estabilidade macrofinanceira, com o apoio dos parceiros internacionais. Não obstante uma conjuntura internacional difícil, a economia de Cabo Verde registou uma forte recuperação em 2021 e 2022, tendo mantido um pujante desempenho macroeconómico em 2023. As perspetivas para o crescimento a curto prazo são favoráveis, apesar de alguns riscos descendentes. A inflação está a desacelerar. O país é politicamente estável. Contudo, Cabo Verde ainda se depara com vulnerabilidades significativas. Embora esteja numa trajetória descendente, o rácio dívida pública/PIB ainda se encontra acima dos níveis pré-pandemia. As alterações climáticas constituem uma ameaça importante, uma vez que Cabo Verde é um dos países do mundo que mais sofre de escassez de água.
Em dezembro de 2023, uma crise política provocou a demissão do Governo anterior e a dissolução do Parlamento. O novo governo, nomeado no final de dezembro de 2023, retomou os fortes compromissos do programa e implementou ações corretivas para resolver as derrapagens políticas. O crescimento deverá recuperar-se em 2024, mas a conjuntura externa continua a ser extremamente difícil. A inflação deverá ser mais elevada após a suspensão dos subsídios ao arroz. As políticas de curto prazo estão orientadas para apoiar a campanha de exportação de caju, porém os riscos para as perspetivas continuam a exibir uma tendência negativa.
No seguimento da estabilidade macroeconómica alcançada num contexto especialmente difícil em 2020, a recuperação que teve início em 2021 prosseguiu em 2022 favorecida pelos elevados preços do petróleo. O segundo mandato do Presidente João Lourenço, – iniciado no ano passado – centra-se na promoção da diversificação e do crescimento não petrolífero. Porém, Angola enfrenta desafios significativos em 2023, designadamente o agravamento das perspectivas para os preços do petróleo, a diminuição da produção petrolífera, um contexto externo altamente incerto e a necessidade de reverter a grande flexibilização orçamental do ano passado. Esta última será apoiada pela conclusão integral da reforma dos subsídios aos combustíveis, anunciada pelo governo em 1 de junho de 2023. A capacidade de reembolso de Angola ao FMI é adequada, embora sujeita a riscos elevados. No caso de se materializar um cenário adverso que envolva um choque prolongado dos preços do petróleo, os indicadores de reembolso deteriorar-se-ão, mas permanecerão adequados.